"Descaso total": Após fim do time, jogadora detona postura do Athletico
O Athletico segue sem dar um posicionamento oficial às jogadoras do time feminino sobre o fim do projeto, decisão que foi tomada depois do rebaixamento do masculino para a Série B, ainda no fim de 2024.
Muitas, até o momento, seguem sem saber qual será o futuro da equipe, já que o time não se pronunciou oficialmente sobre o fim.
O contrato das jogadoras do elenco terminava em dezembro de 2024 e muitas esperavam uma renovação após a Ladies Cup.
Mas com o rebaixamento e o fim da obrigatoriedade de manter uma equipe feminina, a diretoria do Athletico decidiu acabar com o projeto que completaria cinco anos em campo nesta temporada.
Athletico: "Estamos pagando o preço"
A meio-campista Ellen Nogueira foi a primeira jogadora a se pronunciar publicamente sobre o caso. Ela se despediu das Gurias Furacão no último dia de 2024 e, nesta segunda-feira (13), publicou uma carta aberta ao clube.
Ela falou sobre o descaso do clube com as jogadoras, que não foram avisadas do fim do projeto e descobriram pelas imprensa que o time deixaria de existir.
"Estamos pagando o preço por algo que não é nossa responsabilidade. Infelizmente, desde o início, devido à falta de interesse dos responsáveis pelo clube em relação à nossa equipe, já imaginávamos que algo assim poderia acontecer", escreveu a atleta.
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"O descaso, no entanto, não termina aí. A falta de respeito com nós, atletas, continua. Até agora, não fomos oficialmente comunicadas por ninguém do clube sobre o encerramento da modalidade feminina. O mínimo que esperávamos era um respaldo formal, que nos permitisse nos posicionar adequadamente sobre essa decisão", continuou.
O futebol feminino brasileiro, inclusive, segue sem calendário oficial confirmado para o ano de 2025.
Na metade de janeiro, a CBF ainda não acertou as datas, nem os regulamentos das competições com os clubes. A instituição também ainda não se reuniu para discutir um possível aumento do número de clubes na Série A1 e A2 do Brasileirão Feminino.
Confira a carta de jogadora ao Athletico
"CARTA ABERTA AO CLUB ATHLETICO PARANAENSE
Sendo bem sincera, pensei mil vezes antes de escrever este texto e falar sobre essa situação. No entanto, acredito que devo me pronunciar também sobre esse assunto. Sabemos que nós, atletas da equipe feminina, temos “um peso maior” e, devido à visão interna que temos, é importante assumir esse posicionamento.
A decisão de acabar com o time feminino, motivada por uma irresponsabilidade da equipe masculina principal, representa um total descaso conosco. Estamos pagando o preço por algo que não é nossa responsabilidade. Infelizmente, desde o início, devido à falta de interesse dos responsáveis pelo clube em relação à nossa equipe, já imaginávamos que algo assim poderia acontecer. Era evidente para nós que, caso o time masculino caísse para a Série B, o time feminino seria tratado como dispensável.
Sempre ficou muito claro que o clube mantinha a modalidade feminina apenas por obrigação. Quem realmente se dedicava e buscava soluções para nós era a Renata (supervisora). Contudo, essa situação estava fora do alcance dela e de qualquer esforço que pudéssemos fazer.
Isso nos causa indignação – em nós, atletas, na comissão técnica e, acredito, em todas as pessoas que apoiam o futebol feminino. É extremamente triste para a modalidade constatar que ainda existem clubes que mantêm o futebol feminino apenas por imposição e não por valorização.
O descaso, no entanto, não termina aí. A falta de respeito com nós, atletas, continua. Até agora, não fomos oficialmente comunicadas por ninguém do clube sobre o encerramento da modalidade feminina. O mínimo que esperávamos era um respaldo formal, que nos permitisse nos posicionar adequadamente sobre essa decisão.
Não é aceitável que simplesmente saíamos de férias e descubramos, por redes sociais “não oficiais”, o fim da nossa equipe. Nem sequer houve uma mensagem no grupo de WhatsApp, onde estão presentes todas as atletas e a comissão técnica. Essa seria uma forma menos desrespeitosa de tratar um assunto tão grave.
Enfim, ainda falta muito – muito respeito, consideração e empatia com o futebol feminino. Nós merecemos mais".