Afastamento de Petraglia indica início de uma transição de poder no Athletico?
À disposição para consultas quando necessário, ainda muito empenhado em assuntos estratégicos, mas totalmente fora da rotina trivial do futebol.
É assim que o presidente Mario Celso Petraglia, licenciado do cargo há duas semanas, dá os primeiros passos para uma inevitável transição de poder no Athletico. Recuperando-se em Curitiba após quase dois meses internado em um hospital de São Paulo, o dirigente acompanha (quase) tudo de longe, seguindo recomendação médica.
Agora, oficialmente, as decisões do dia a dia estão a cargo de um Comitê Gestor formado por Aguinaldo Coelho de Farias (diretor superintendente), Marcio Lara (diretor financeiro) e Rodrigo Gama Monteiro (diretor jurídico), além de Fernando Avelino Volpato (diretor de patrimônio), que trata essencialmente sobre assuntos relacionados ao estádio.
Montado a pedido de Petraglia, o colegiado tem poder de decisão até o eventual retorno do presidente às atividades. Quando não há concordância, prevalece o voto da maioria.
Temas como o Acordo Tripartite da Arena da Baixada e a criação de uma liga de futebol, porém, seguem nas mãos do homem-forte rubro-negro desde 1995. Negociações de atletas-chave, como o atacante Vitor Roque, também certamente serão avaliadas pelo presidente.
Petraglia foca em recuperação e menos estresse
Por outro lado, decisões relevantes, mas relacionadas puramente ao futebol, não precisam passar por Petraglia.
As dispensas do lateral Pedrinho e do volante Bryan García, acusados de envolvimento no esquema de manipulação de resultados, aconteceram sem consulta prévia – até por que o contato com o dirigente foi muito limitado durante os período hospitalizado.
A venda da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) é outro assunto que está sendo tratado pelo Comitê, seguindo diretrizes pré-estabelecidas, como procurar investidores que aceitem não ter o controle da gestão.
A fase de silêncio, contudo, passou. Petraglia se recupera bem, mas precisa ficar longe de tarefas estressantes. O foco é seu bem-estar.
Internamente, ninguém sabe se ele poderá retomar ao patamar anterior de atividades ou se realmente terá disposição para isso aos 79 anos de idade. Por isso, ele avalia como o clube caminhará nos próximos meses sem sua "rédea curta".
Mudanças planejadas pelo dirigente
As mudanças hierárquicas realizadas no fim de abril, que colocaram Aguinaldo Coelho de Farias também no Conselho Administrativo, também já haviam sido previamente planejadas por Petraglia.
Atual presidente em exercício, Aguinaldo tem a representatividade de alguém que foi eleito para o Conselho Deliberativo pela mesma chapa. E agora, em um ano eleitoral, expande seu papel interno no Athletico.
Marcio Lara, outro fiel escudeiro de longa data, também ganha mais relevância no processo decisório, assim como o advogado Rodrigo Gama Monteiro, em quem o presidente deposita muita confiança.