Unidos por Portugal, Libertadores e Palmeiras, Abel e Felipão duelam pela segunda vez
Trinta anos separam Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, e Luiz Felipe Scolari, comandante do Athletico, adversários nesta terça-feira (30), às 21h30, na Arena da Baixada, na abertura das semifinais da Libertadores.
O português de 43 anos e o brasileiro de 73, no entanto, estão unidos por muito mais. Respeito e admiração mútua, que remontam à época em que Felipão dirigia a seleção lusa.
Então lateral-direito, Abel era a terceira opção para a posição antes da Eurocopa de 2004, atrás de Miguel e Paulo Ferreira. Convocado para um período de testes, acabou preterido do time nos amistosos e jamais realizou o sonho de atuar oficialmente por sua seleção nacional.
Mesmo assim, o sentimento é de gratidão ao mister Scolari, que se tornou um amigo. "Se o mundo tivesse pessoas como ele, isso estaria muito melhor", elogiou Abel após o encontro pelo Brasileirão, em julho, no Allianz Parque. Com o time reserva, o Furacão surpreendeu o líder e venceu por 2 a 0.
"O abraço, primeiro, foi de gratidão. Antes como jogador e depois como treinador, porque o acho extremamente competente. Foi o último treinador campeão do mundo pelo Brasil, jogando dessa maneira, e bem. Ele tem 73 anos, e eu 43, e tenho muito o que aprender com ele. É um treinador que conhece o futebol brasileiro, sabe bem como é que se ganha”, continuou o português, que levou o Palmeiras ao título da Libertadores nas duas últimas temporadas.
Pelo mesmo Porco, Felipão também é lenda. Conduziu o clube ao primeiro título continental, em 1999, além de diversas outras conquistas. Mas o veterano admite que o novato já o superou entre os maiores da história do clube.
"E o Abel será, pra mim, dos grandes treinadores do mundo todo. É inteligente, dedicado, correto, uma pessoa muito boa. Eu gosto demais dele", enfatizou Scolari em entrevista ao SBT Sports.
Eterno auxiliar de Felipão, Murtosa viu de perto a construção da relação entre Abel e Felipão. Ele recorda a postura correta e exemplar do lusitano durante as duas convocações, mesmo sem a oportunidade de atuar nos jogos.
"O Abel viu de perto o treinador que o Felipe é, a linha de conduta dele, e se sentiu bem ali naquele ambiente. E a recíproca é verdadeira. Felipão tinha uma admiração pelo Abel jogador e também pelo homem", contou o fiel escudeiro de Scolari, que destaca outro aspecto em que o brasileiro influenciou positivamente não só Abel, mas todos os portugueses.
"Umas das coisas que os brasileiros não têm noção é a importância do Felipão em Portugal. Até hoje ele chega lá, é muito bem quisto, o torcedor o admira demais. Ele fez o povo se envolver com a seleção. Antes havia um distanciamento e o Felipão foi o responsável por essa reaproximação", apontou.
“[Scolari] Foi uma pessoa que mudou mentalidades sobre torcer pela seleção. Nunca vou esquecer da bandeirinha, que ele fez todos os portugueses colocarem em suas casas para torcer", reforçou Abel.